Infecção por Papilomavírus Humano (HPV)

Por Luiz Felipe Silveira Sales


A patologia causada por HPV é a doença sexualmente transmissível (DST) mais prevalente no mundo, acometendo mais comumente indivíduos jovens e sexualmente ativos. A descoberta que de que se trata de uma DST foi realizada em 1980, sendo que o agente, o Papilomavírus Humano (HPV), foi descoberto bem anteriormente, em 1930.
                Existem mais de 80 subtipos de HPV, sendo que 35 são responsáveis pela infecção da região anogenital. Os subtipos 6 e 11 são os mais encontrados nas lesões, enquanto os subtipos 16, 18, 31, 33, e 35 apresentam maior associação com o câncer de colo uterino. Apesar da forte correlação com a região anogenital, o HPV também pode acometer orofaringe, uretra e árvore traqueobrônquica. A transmissão do HPV se dá por contato sexual direito e em crianças se dá pelo parto,  o período de incubação varia de 3 a 8 meses, com uma média de 3 meses.
                A maioria das infecções genitais é assintomática, subclínica ou passa despercebida. Porém quando a doença é sintomática, esta se caracteriza por uma síndrome verrucosa. Dependendo da localização e do tamanho das verrugas, estas podem ser dolorosas, friáveis, pruriginosas ou as três, sendo que as lesões podem ser papulosas ou acuminadas, roseadas ou hiperpigmentadas, exofíticas ou vegetantes. No homem, as lesões mais comuns são as exofíticas, sendo encontradas principalmente no frênulo, sulco coronal, glande ou borda do prepúcio.
                Quando existe lesão visível, o diagnóstico de verrugas genitais pode ser firmado à inspeção. Caso contrário, recorre-se a procedimentos como penioscopia, oroscopia, anuscopia, entre outros, para localização de lesões. Se necessário, o diagnóstico pode ser confirmado por biópsia, através da histologia e biologia molecular. A biópsia está indicada nas seguintes situações: diagnóstico duvidoso, lesões não melhoram com o tratamento convencional, a doença piora durante tratamento, paciente imunossuprimido ou verrugas não pigmentadas, induradas, fixas, ou ulceradas.
                O tratamento deve ser orientado conforme uma série de variáveis como por exemplo: tamanho, número, localização, morfologia, custo, conveniência e efeitos colaterais do método empregado. O tratamento pode ser dividido em: aplicado pelo próprio paciente e aplicado pelo profissional de saúde.
                O tratamento aplicado pelo próprio paciente baseia-se em: podofilina, solução de gel a 0.5% aplicada nas lesões 2 vezes/dia durante 3 dias, seguidos de 4 dias sem tratamento,  repetindo conforme a necessidade por até 4 ciclos ou imiquimode, creme a 5% aplicado nas lesões ao deitar, 3 vezes/semana, por até 16 semanas, lavando de 6 a 10h.
                O tratamento aplicado pelo profissional da saúde baseia-se em: crioterapia com nitrogênio líquido ou criossonda, repetindo conforme a necessidade, a cada 1 a 2 semanas; ou resina de podofilina de 10 a 25% em tintura de benzoína, repetindo semanalmente conforme a necessidade; ou ácido tricloroacético/bicloracético a 80 a 90%, aplicando até “congelar”, repetindo semanalmente conforme a necessidade; ou ressecção cirúrgica (excisão por tesoura ou lâmina tangencial, curetagem, eletrodissecão ou cirurgia a laser ).
                A recidiva de verrugas é comum depois de todos os tipos de tratamento, sendo mais frequentes nos primeiros três meses. Devido à forte correlação entre a infecção e o câncer cervical, mulheres são orientadas a realizar periodicamente triagem citológica. O exame dos parceiros sexuais não é necessário para o controle das verrugas genitais externas, porque a contribuição da reinfecção provavelmente é mínima, contudo estes devem ser examinados para a verificação da existência de lesões semelhantes ou outras DST’s.
O uso de preservativos é de fundamental importância na prevenção do HPV, assim como em qualquer outra DST.  A vacina já é usada em mulheres desde 2006, sendo que em maio deste ano a ANVISA aprovou a vacina para homens.


Referências


Urologia Geral de Smith, 17ª edição.


 NADAL, Sidney Roberto; MANZIONE, Carmen Ruth. Vacinas contra o Papilomavirus humano. Rev bras. colo-proctol.,  Rio de Janeiro,  v. 26,  n. 3, Sept.  2006 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-98802006000300017&lng=en&nrm=iso>. access on  19  Aug.  2011.  http://dx.doi.org/10.1590/S0101-98802006000300017.


 QUEIROZ, Danielle Teixeira; PESSOA, Sarah Maria Fraxe; SOUSA, Rosiléa Alves de. Infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV): incertezas e desafios. Acta paul. enferm.,  São Paulo,  v. 18,  n. 2, jun.  2005 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002005000200012&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  19  ago.  2011.  http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002005000200011.


Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar – Unifesp/Escola Paulista de Medicina. Urologia


PROTEUS: Palestras e Reuniões Organizadas para Preparação ao Título de Especialista em Urologia SBU.