Câncer de Próstata

Por Brunno Teixeira Teles Silva
         
            O câncer de próstata é considerado um dos mais freqüentes no homem, representando uma taxa de aproximadamente 29% dos tumores que acometem indivíduos do sexo masculino. Além disso, é considerada uma doença do envelhecimento por sua incidência aumentar com a idade, sendo rara em indivíduos com menos de 40 anos.
            A próstata deveria atrofiar entre a quinta e sétima década de vida, porém por algum motivo ocorrem múltiplas divisões celulares com fragmentação dos cromossomos que leva à liberação de protoncogenes que desencadeiam a degeneração das células prostáticas. O câncer de próstata está relacionado com predisposição genética, influências hormonais (testosterona), fatores dietéticos e ambientais (essas influências ainda não estão claras) e agentes infecciosos.
            Esse tipo de câncer é representado pelos adenocarcinomas e acometem a zona periférica da próstata (75%), a zona de transição (25%) e a zona central (5%). São classificados, pela escala de Gleason, em cinco graus histológicos, sendo I as lesões mais diferenciadas e V as lesões mais indiferenciadas. Além disso, podem ser classificados em estádios: estágio A são aqueles restritos a zona de transição que são diagnosticados acidentalmente; estágio B são restritos à próstata; estágio C são aqueles que envolvem tecidos moles fora da próstata, como vesículas seminais, tecido adiposo periprostático, músculo uretral e colo vesical; estágio D são cânceres metastáticos.
            O estadiamento desse tipo de câncer é feito pelo toque retal, que permite avaliar localmente a extensão do tumor, e por meio de medidas laboratoriais das fosfatases ácida e alcalina (normalmente estão elevadas), dos níveis de PSA (estão elevados e referem-se ao volume do tumor, a cada grama de tecido neoplásico o PSA aumenta 3,5 ng/ml), mapeamento ósseo (o CA de próstata costuma sofrer metástase óssea) e ultra-sonografia transretal (observar envolvimento neoplásico da cápsula prostática e vesículas seminais).
            A evolução de um paciente com CA de próstata é imprevisível, ela pode ser rápida (antes do surgimento dos sintomas locais) e pode também ser lenta com lesões que permanecem estacionárias (o tumor duplica de tamanho de 2 a 4 anos). Por isso, é utilizado para definir o prognóstico de pacientes com adenocarcinoma de próstata o estágio inicial do tumor, o seu grau histológico de diferenciação celular, o volume da neoplasia, o conteúdo de DNA do tumor e as medidas de PSA.
            Clinicamente, o CA de próstata é assintomático quando seu tumor está confinado, porém pode apresentar obstrução infravesical e hematúria macroscópica em casos avançados. É comum esses pacientes apresentarem dores ósseas, uremia, anemia, perda de peso, adenopatia cervical ou inguinal, linfedema ou trombose venosa de membros inferiores e hemospermia, como primeira manifestação da doença.
            A detecção do câncer de próstata é feita pelo toque digital da glândula, medidas do PSA sérico e da ultra-sonografia transretal. A biópsia da próstata deve ser feita em todos os casos em que os pacientes apresentarem áreas de maior consistência na glândula e/ou elevação dos níveis séricos de PSA. No caso dos níveis de PSA deve-se avaliar:
- níveis inferiores a 4 ng/ml com toque prostático normal = riscos desprezíveis de presença de CA;
- níveis superiores a 10 ng/ml = chance de 55% de presença de CA e indicativo de biópsia independente dos achados ao toque prostático;
- níveis entre 4 a 10 ng/ml = chance de 25% de presença de CA, biópsia com chance de 75% de apresentar-se negativa, sendo seu uso indicado apenas em casos de maior risco nesse grupo.
            O tratamento é feito de acordo com a extensão da doença, grau histológico do tumor e condições gerais do paciente. Em casos em que o tumor está localizado dentro da próstata pode-se recorrer à cirurgia ou à radioterapia, porém isso nem sempre é necessário pois em alguns casos nem é necessário o tratamento. Quando o tumor atingir o envoltório da próstata o tratamento é radioterápico associado com terapia hormonal (anti-androgênica). Já quando o câncer se estende para outros órgãos é necessária a realização de uma terapia hormonal. Em casos de recidiva pélvica após prostatectomia radical, o tratamento é feito com radioterapia.
            A prevenção do câncer de próstata ainda não pode ser feita eficientemente pois não se conhece os fatores que tornam a célula prostática maligna. Porém, acredita-se que a criação de hábitos dietéticos pode diminuir a incidência do câncer, como a redução da ingestão de gordura, ingestão abundante de tomate, além da complementação da dieta com vitamina E. Existem estudos também que avaliam o bloqueio parcial do hormônio testosterona no intuito de reduzir a incidência desse tipo de tumor, uma vez que esse hormônio contribui para o crescimento celular prostático.

Referências:
- Urologia Geral de Smith, 17ª edição.
- Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar – Unifesp/Escola Paulista de Medicina.
Urologia
- PROTEUS: Palestras e Reuniões Organizadas para Preparação ao Título de
Especialista em Urologia SBU.
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